Coluna de opinião: Por que Nego do Borel está em A Fazenda 13?

Nego do Borel foi acusado por três ex-namoradas de crimes como violência doméstica, psicológica e sexual (Foto: Reprodução)

“A Fazenda”, exibida pela Record, parece ser a mesma todos os anos. Antes da lista ser anunciada, nós já sabemos que representantes de algumas categorias estarão confirmados: panicats, celebridades que ninguém lembra mais, cantor sertanejo, influenciadoras, algum participante de programas dos anos 1990, e claro, o homem com ficha criminal. Esta edição traz o cantor Nego do Borel, que foi acusado por três ex-namoradas de crimes como violência doméstica, psicológica e sexual.

Confesso que virei telespectadora do reality apenas no ano passado, mas sei de alguns participantes que, no mínimo, estavam envolvidos em polêmicas pesadíssimas e foram escalados. Quem não se lembra de Dado Dolabella como o vencedor da primeira edição do programa, ao mesmo tempo em que não pagava a pensão alimentícia dos filhos? E o cantor Biel que protagonizou uma briga séria com a ex-esposa, e foi finalista no último ano?

Me parece que as pessoas já estão acostumadas com esse tipo de presença no horário nobre, como se fosse um simples detalhe. Eu acredito que há uma via de mão dupla nesse processo: a direção do reality show quer gerar entretenimento. Já os homens “problemáticos” desejam aproveitar a oportunidade para limpar a imagem.

Se perderam no meio do caminho. Quem não gosta daquela treta por comida? Ou porque a louça não foi lavada? Entretenimento não tem nada a ver com dar chances a quem está sendo investigado pela polícia por crimes tão graves. E para quem assiste, isso só dá ainda mais a sensação de impunidade a esse tipo de homem. Ele bate, ofende, diminui, trai e ainda tem a possibilidade de ganhar R$ 1,5 milhão.

E eles ganham, com o aval do público, que escolhe toda semana quem será eliminado. Das duas, uma: ou as pessoas se identificam com o que o cara fez, ou acham crimes contra a mulher algo sem importância. Não há lado bom, todas as opções são preocupantes. E só compactuam ainda mais com outros homens que se sentem no direito de violentar e acham que nada vai acontecer. Porque é isso que a televisão mostra com o que deveria ser um espelho da vida aqui fora.

Eles se regeneram?

Há quem diga que não tem como mentir em meses de confinamento em frente às câmeras. Eu concordo, quando o confinamento não é feito para remodelar uma imagem perante a opinião pública. Para quem já trabalha com exposição, tem sim como fingir.

A maior preocupação, na verdade, é que não há um esforço para aprender ou reconhecer os erros. Se isso fosse considerado o mais importante, não acho que seria feito para que todo o Brasil veja. Não se trata de uma mudança pessoal, apenas de uma mudança imagética. Com Lipe Ribeiro, da edição 12 de “A Fazenda", funcionou. Ele saiu de “boy lixo” do “De Férias com o Ex”, para o quarto colocado do reality.

Ainda estamos na semana de estreia do programa, e já posso falar que se o plano do Nego do Borel for de melhorar sua imagem, ele tem feito do jeito errado. Primeiro, constrangeu a participante Dayanne Mello falando inúmeras vezes do formato de sua orelha, como se estivesse na quinta série; forçou amizade com Tati Quebra Barraco, mesmo sem nunca ter dado atenção a cantora aqui fora (lembrando que ela está cotada a vencer o reality); e na festa da última sexta-feira (17) surtou na Baia, jogando um balde que poderia ter machucado alguém, além de ter assustado o cavalo. Entretenimento mesmo, até agora nada.

Vale a pena assistir?

A minha audiência ao programa será apenas porque sou viciada em reality e já estou órfã do BBB. Talvez, o único lado bom seja eliminá-lo na primeira roça e não ser mais obrigada a vê-lo na TV.