Campanhas publicitárias e a missão de conscientizar sobre doenças
- Yasmin Moraes
- 20 de set. de 2021
- 4 min de leitura
Yasmin Moraes e Matheus Maia
As principais campanhas publicitárias de conscientização sobre doenças acontecem durante os meses de setembro, outubro e novembro. São elas: Setembro Amarelo, Outubro Rosa e Novembro Azul. Divulgadas em diversos veículos, elas têm o intuito de disseminar informação para a sociedade e transformar esses assuntos em pauta e objetos de discussão.
O Setembro Amarelo é uma campanha criada pelo CVV (Centro de Valorização a Vida) em 2015, com o objetivo de conscientização e prevenção do suicídio. Além disso, a campanha busca fazer com que o assunto deixe de ser um tabu, passando mais informação à sociedade e chamando atenção para doenças psicológicas. Para obter resultados positivos com este tipo de ação, é preciso que haja uma identificação por parte do receptor.
O Instituto Bia Dote, criado após a partida da Bia, trabalha com a prevenção do suicídio por meio de palestras, rodas de conversas e ajuda psicológica. Além de atender casos de pessoas que apresentam comportamentos suicidas, o Instituto também oferece a "pósvenção", tratamento destinado à família após um caso próximo de suicídio.
Muitas das palestras são feitas em escolas com o objetivo de normalizar o assunto e tornar a sua discussão mais frequente. Para Lucinaura Diógenes, fundadora do Instituto, “as pessoas já estão mais dispostas a ouvir sobre o assunto, elas têm intenção de mudar, mas ainda tem muita barreira”. A programação do instituto não se restringe ao Setembro Amarelo.
Sucedendo o período de setembro, o Outubro Rosa é uma campanha de conscientização que tem como principal objetivo alertar a sociedade, mais especificamente as mulheres, sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama e mais recentemente sobre o câncer de colo de útero.
O movimento surgiu na década de 1990 nos Estados Unidos, quando o congresso definiu Outubro como sendo o mês de prevenção desta doença. Várias são as atividades e ações promovidas nos trinta e um dias de campanha, sempre fortalecendo a necessidade e a importância da prevenção para um diagnóstico precoce.
Segundo o publicitário Carlos Bittencourt, parte do sucesso da campanha ocorre devido ao crescimento do empoderamento feminino e discussões sobre a causa feminista, o que encoraja as mulheres a cuidarem mais de si.
Uma das empresas que fazem campanha a favor da prevenção do câncer de mama é a Hering. A marca tem uma parceria com o Instituto Brasileiro de Controle ao Câncer (IBCC) há mais de 20 anos e lança coleções especiais de camisas, na maioria das vezes tendo artistas e celebridades com visibilidade como modelos, para que parte do arrecadado seja doado ao IBCC.

Xuxa em campana da Hering contra o câncer de mama
Já o Novembro Azul é a campanha de conscientização destinada aos homens a respeito das doenças masculinas, em especial na prevenção e no diagnóstico precoce do câncer de próstata. O movimento surgiu em 2003 na Austrália e aqui no Brasil foi criado pelo Instituto Lado a Lado pela Vida com o objetivo de quebrar preconceitos masculinos de ir ao médico e realizar o exame de toque retal.
É comum que nesses meses, empresas apresentem campanhas de conscientização tentando causar impacto na população. Assim, é normal também que no período em que antecede os meses de comemoração, as empresas procurem agências publicitárias para criar suas campanhas.
É o que afirma Emanuel Brandão, publicitário, que, há mais de cinco anos trabalha na G Marketing. O diretor de criação afirma que a agência e as empresas contratantes trabalham em conjunto no desenvolvimento de campanhas publicitárias voltadas para as causas sociais. “É uma via de mão dupla, tanto a agência pode levar a ideia quanto a empresa pode solicitar a demanda”, afirma Emanuel. Ele ressalta que não basta apenas a empresa se pintar de amarelo, azul ou rosa, mas mostrar que por trás daquela campanha tem um problema e que a empresa está disposta a ajudar.
Emanuel conta que o processo de criação de uma campanha publicitária possui várias etapas, mas que a principal é a pesquisa. “Quanto mais se entende do assunto, mais você vai conseguir passar aquela ideia de uma maneira criativa chamando a atenção do consumidor para que ele veja que o assunto está em pauta não por um simples motivo, mas existe algo maior por trás”. Ele ainda diz que essas campanhas podem ser criadas em qualquer período do ano, mas como o calendário é associado aos meses de setembro, outubro e novembro, é mais comum que empresas procurem as agências apenas nesses períodos.
A agência não tem uma precisão de quantas pessoas são atingidas por cada campanha porque eles trabalham com estimativas e fazem algumas apostas. “É muito relativo e tudo vai muito do engajamento da população, a gente pode fazer uma ação simples e ter um resultado inesperado como podemos investir em uma ideia gigantesca e não ter o retorno esperado”, conta Emanuel, que diz que geralmente as campanhas atingem os resultados esperados, nem que pra isso eles precisem fazer ajustes durante o andamento. “Se ela estiver indo bem, você segue, senão, você começa a repensar, mexer e realizar adaptações para que ela possa ter um maior engajamento possível”, completa.
Para Bittencourt o resultado positivo das campanhas, principalmente a do câncer de mama e de próstata, ajudam também na desobstrução do sistema público de saúde. “Isso tem um lado econômico muito forte. Essas pessoas se tratam e vão pra casa e aí é só um acompanhamento, e esse acompanhamento não é tão caro quanto você ter que fazer quimioterapia, radioterapia ou voltar a uma reincidência e ficar dentro do hospital”, afirma.
É importante lembrar que mesmo que as campanhas publicitárias tenham uma época de atuação e divulgação, as ações que elas amparam devem continuar o ano todo, para que os resultados sejam realmente efetivos.
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